O goleiro Ramallets olha a bola no fundo das redes num dos dois gols de Ademir Menezes na vitória de 6 a 1 do Brasil sobre a Espanha, na Copa de 50. Bigode (6) e Friaça (7) também aparecem na foto |
Com o fim da música “Pacaembu” nas caixinhas de som, muitos aplausos. Antes que cessassem, Idiota da Objetividade é ligeiro e retoma a pelota.
Idiota da Objetividade: - Além do Pacaembu, também houve
partidas no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre; no Durival de Brito, em
Curitiba; na Ilha do Retiro, no Recife; no Independência, de Belo Horizonte, e,
claro, no Maracanã, construído especialmente para aquela Copa, a primeira
depois da Segunda Guerra Mundial.
Sobrenatural de
Almeida: - Ah, lá no
Independência eu aprontei a maior zebra da História: Estados Unidos um,
Inglaterra zero.
Idiota da Objetividade: - Mas nenhum dos dois times se
classificou para a fase final. A classificada no Grupo 2 foi a Espanha.
Todos (de
pé, alegremente, brindando): - “Eeeeeeeeu fui às touradas de Madri, pararatibum-bum-bum,
pararatim-bum-bum-bum”!!!
Veja também:
Enquanto a turma toda canta, dança e batuca a marchinha gravada
12 anos antes por Almirante e a Orquestra Odeon, e que fez muito sucesso em
1949, com Carmen Miranda, a Pequena Notável voltava ao palco, desta vez com
João de Barro, o Braguinha, e ambos são muito aplaudidos. O público não para de
cantar o refrão de “Touradas em Madri”, até que Braguinha pega o microfone para
se dirigir aos presentes.
Braguinha: - Muito obrigado, minha gente. Naquele dia eu chorei na
arquibancada do Maracanã. Chorei de emoção. E se vocês não pararem eu vou
chorar novamente.
Ao fim, a ovação é enorme. Carmen Miranda e Braguinha deixam
o palco, sendo cumprimentados e cumprimentando quem estivesse pela frente. Zé
Ary se apressa e anuncia.
Garçom: - Vou localizar aqui no nosso rádio do tempo a narração do Antônio
Cordeiro, da Rádio Nacional, justamente naqueles minutos finais de Brasil e
Espanha. Dá pra ouvir um pouco o público cantando ao fundo.
Ceguinho Torcedor: - Agora o Braguinha vai chorar lágrimas de esguicho!
Garçom: - Achei! Aqui está!
Todos ficam emocionados, o público aplaude, volta a cantar, e Braguinha
chora copiosamente de novo, como se estivesse outra vez na arquibancada do
Maracanã. É abraçado por amigos e louvado por todos:
“Braguinha, Braguinha, Braguinha...”
Ceguinho Torcedor: - Que dia, que espetáculo, que goleada,
que maravilha aquele povo todo no Maracanã cantando e a seleção dando um baile
na Espanha...
João Sem Medo: - Um dia muito especial pro nosso futebol, sem dúvida alguma.
Músico (no palco): - E pra nossa música também, seu João.
João Sem Medo e os demais concordam. Após a euforia, alguns
devem ter se lembrado do que ocorreu no jogo seguinte e se aquietaram. Zé Ary
não deixou a bola cair e pediu que os amigos seguissem em frente no bate-papo.
Veja também:
Memórias da geral do Maracanã
Maracanã, um personagem de "Contos da Bola"
Idiota da Objetividade: - Esse jogo contra a Espanha foi o
segundo da seleção brasileira na fase final da Copa do Mundo de 1950. No
primeiro jogo, uma goleada ainda maior: 7 a 1 sobre a Suécia.
Sobrenatural de Almeida: - No dia em que a seleção brasileira derrotou a
Espanha por 6 a 1, tinha de 152 mil pagantes no Maracanã. Pagantes e
delirantes. Assombroso! (dá sua risada medonha)
João Sem Medo: - Tinha muito mais gente. Umas
duzentas mil. Tinha gente saindo pelo ladrão.
Todos concordam. Houve quem dissesse: “Muito mais até!”
Modificado e republicado em 11 de setembro de 2024.
Fim do Capítulo #15
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
Saiba mais clicando aqui.
Entre ficção e realidade, belas reminiscências...
ResponderExcluirAlém de música e futebol, esta é outra tabelinha que também gosto muito, meu amigo. E foi uma descoberta natural, que só depois percebi. Obrigado mais uma vez pelo apoio, volte sempre. Abração
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