O relançamento do livro, publicado originalmente há 56 anos, foi uma merecidíssima homenagem ao Sr. Said. E tenho muito orgulho de ter dado o pontapé inicial, mesmo que involuntariamente, deste projeto e podido contar a história desta minha participação num dos prefácios da obra.
Carlos Said e Fernando Gustav no lançamento do livro "O Piauí no futebol" |
Na verdade, tudo começou com meu avô Thomé, que passou a bola (ou melhor, o livro) para mim, provavelmente nos anos 80, e eu toquei para o meu amigo e parceiro Fernando Gustav, que brilhantemente concluiu a gol com o auxílio luxuoso de Gustavo Said, seus irmãos Fernando, Claudio, Soraya e Rochele e demais familiares do Magro de Aço. Uma viagem no tempo e no espaço que conto numa das primeiras páginas do livro e tomo a liberdade de reproduzir abaixo.
As voltas que o mundo dá
As extraordinárias voltas que o mundo dá. Bem poderia ser este o título deste relato. Como poderia eu imaginar que um livro guardado há tantos anos, com tanto afeto, com um valor sentimental tão forte para mim, pudesse me ligar a uma terra tão distante, onde sequer tive o prazer de passar perto, por intermédio de meu saudoso avô materno, Thomé de Souza Lamas, 35 anos após seu falecimento. Lamas, como foi chamado desde os tempos em que defendia o Bonsucesso, dos 15 aos 18 anos, na longínqua década de 30, ganhou o livro original numa de suas muitas viagens ao Nordeste do próprio Carlos Said, que escreveu uma dedicatória carinhosa e o autografou, pouco mais de cem dias antes de eu nascer.
O meu avô conhecia bem a minha paixão pelo futebol, tanto que me levou em muitos domingos de manhã à Rua Bariri para assistir a jogos do seu Olaria do coração nos anos 70. Dele, herdo o sobrenome que uso profissionalmente junto ao meu nome desde que comecei a trabalhar como jornalista, no fim dos anos 80. Provavelmente foi no início daquela década que ele me deu o livro, e o guardei com o máximo carinho, ainda mais depois que ele se despediu deste mundo, 13 dias após o seu aniversário, em 25 de outubro de 1985.
Pois bem, 34 anos depois, venho eu morar em Florianópolis, terra ainda mais distante de Teresina. Ao ser convidado por Sérgio Pugliese a fazer entrevistas com ex-jogadores de futebol que moram em Santa Catarina para o site e canal Museu da Pelada, na busca por um cinegrafista, uma jornalista me indicou Fernando Gustav, a quem ela não chegou a conhecer pessoalmente. Posteriormente, logo em nossas primeiras jornadas, vim saber que ele é piauiense, havia morado muitos anos no Rio de Janeiro e trabalhou na mesma faculdade em que minha filha, Luísa, se formou.
Porém, as conexões não pararam aí porque, durante os muitos encontros profissionais e pessoais que tivemos, comentei com ele deste livro e ele logo quis emprestado. Na primeira oportunidade em que veio à minha casa, Fernando o levou, provavelmente já maquinando uma surpresa. E aí está, esta nova edição de O Piauí no Futebol, proporcionada por esta grande viagem no tempo e no espaço, urdida pelos mundos visível, palpável e invisível, espiritual para quem crê. Graças a tudo isto, tive a felicidade deste grande encontro com meu amigo Fernandão e ver, por sua iniciativa, o renascer desta obra.
Minha mais profunda e respeitosa saudação a Carlos Said e toda a sua família, que ainda não tive a honra de conhecer pessoalmente, e toda a minha gratidão e amor, mais uma vez e sempre, ao meu inesquecível avô Thomé.
Maravilhoso,fiquei emocionada!As voltas que o mundo dá!
ResponderExcluirMuito obrigado, por sua visita e o comentário. Peço apenas que assine da próxima vez, por favor, pra poder dirigir mais diretamente o meu agradecimento.
ExcluirComo esse mundo é pequeno, meu amigo. Bela história e ótimas (e saudosas) lembranças.
ResponderExcluirPois é, meu amigo. Sou agraciado com histórias incríveis que só de contar muita gente não acreditaria. Nesta aí tenho provas e as apresentei acima.rsrs Abração, obrigado, volte sempre.
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