Ilustração de Gustave Doré para a poesia O Corvo (The Raven), de Edgar Allan Poe Como ainda tenho um bom tempo até 30 de abril para fazer a minha declaração do Imposto de Renda, com fartos bens se compararmos com 90% da população deste país e parquíssimos em relação aos privilegiadíssimos que ocupam 1% dos que por aqui vivem, faturando 36 vezes mais do que a metade do nosso povo, venho aqui para fazer a minha declaração de males e penúrias, perante aos cidadãos de bem. Bem, pelo menos é como se vangloriam para reivindicar para si - e apenas para si, a família, uns amigos e talvez uns conhecidos de seu restrito grupo social - as virtudes mágicas que permitem a abertura de todas as portas da esperança e da ganância. Somente para eles e os seus, é claro. Terei de perder a vergonha de me confessar egoísta, mentiroso, ridículo, bobo, ingênuo... ou seja, não chego aos pés desses das virtudes mágicas. Com tantos virtuosos, sendo o mais "poderoso" um apologista de crimes hed...