sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

HÁ MUITO O QUE FAZER

Ainda ecoa o grito sufocado da noite
nesta tarde abafada sem sol
E os reflexos do olhar perdido
neste céu cinzento

Tudo se perde neste dia
tão igual ao outro
O formigueiro humano
escoa sob os meus pés

girando, girando, girando
em torno do ralo gigante
que é esta grande cidade
tão provinciana

É a torrente imaginária
carregando a multidão
sempre pros mesmos lugares
com os seus mesmos gestos,
olhares, a mesma prisão

O espelho de carne e osso
se partiu na noite passada
e reflete uma vida despedaçada
ninguém vê, ninguém vê
há muito o que fazer

O incenso do lixo urbano
não é recolhido, nem reciclado
fica jogado no meio desse dia nublado
ninguém percebe, ninguém percebe
há muito o que fazer

Ainda grita no vácuo do tempo
o urro desperdiçado da noite
ferida no ventre inchado da madrugada
ninguém ouve, ninguém ouve
há muito o que fazer.

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