UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #34

Uma coisa jogada com música - Capítulo #33

Dario cabeceia no gol do título brasileiro do Atlético-MG, em 1971. Foto: O Globo, aprimorada por IA

O título do Atlético Mineiro em 1971 não sai de campo e Ceguinho Torcedor rola a pelota.

Ceguinho Torcedor: - João e demais amigos, deixa eu contar uma história curiosa. Na véspera daquela final, fui ao Bigode do Meu Tio, um bar que existia lá do Rio, e um rapaz se levantou de uma mesa próxima. Reconhecera-me e veio perguntar: “Quem vai ser o personagem da semana”? Virei-me: “Mas o jogo é amanhã?”. O outro insistiu: “Mas você não é profeta?”

Todos riem.

João Sem Medo: - Viu, Ceguinho, fica alardeando seus poderes...

Ceguinho Torcedor: - Pois é, João. Achei graça, fechei os olhos e disse, impulsivamente: “Dario”. Era uma brincadeira, isto é, uma aparente brincadeira. Sem querer e sem saber, eu estava acertando no centro da mosca.

Sobrenatural de Almeida: - Assombroso! hahaha

João Sem Medo: - Sua aposta foi tão certeira quanto a cabeçada do Dadá.

Todos concordam e há um burburinho na plateia, que logo se silencia para continuar ouvindo o profeta.

Ceguinho Torcedor: - Não raro, Dario dava uma sensação de força da natureza, como se chovesse, ventasse, trovejasse, relampejasse. Na hora do gol estava sempre no lugar certo.

Idiota da Objetividade: - Ele fez 15 gols e foi o artilheiro do campeonato.

Ceguinho Torcedor: - Na finalíssima, ele não encontrava uma abertura fácil para a sua penetração. E, no entanto, foi ele que no momento justo enfiou uma prodigiosa cabeçada e ganhou a partida. Todo time do Atlético brilhou, é certo. Mas vamos e venhamos: Dario merecia naquele dia que o carregassem numa bandeja, e de maçã na boca, como um leitão assado.

Risadas gerais.

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Garçom: - Dario merece, então, nossa homenagem musical, não é verdade?

Todos concordam e aplaudem.

Garçom: - Procurei arduamente pelo áudio da música “O futebol de Dadá”, de Paulinho Pedra Azul e MarceloJiran, mas não encontrei. Porém, temos aqui e vamos pôr no som “Rei Dadá”, de Moreira Júnior e Nino. Divirtam-se que a música é muito boa! 

(no vídeo abaixo, você pode ouvi-la a partir de 24min20)

Muitos dançaram e até cantaram em coro a música em homenagem a Dario. Depois houve uma certa dispersão, um respiro pros convidados especiais do bar “Além da Imaginação”. Após a pausa, Idiota da Objetividade reabre o papo com a deixa sobre as origens do Campeonato Brasileiro.

Idiota da Objetividade: - Com o reconhecimento pela CBF em dezembro de 2010 dos campeões da Taça Brasil e da Torneio Roberto Gomes Pedrosa como campeões brasileiros, o Bahia passou a ser o primeiro detentor do título, em 1959.

João Sem Medo: - A CBF misturou alhos com bugalhos. Mas aquele título do Bahia foi merecido.

Sobrenatural de Almeida: - O tricolor baiano venceu o Santos de Pelé na final, uma grande glória.

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Ceguinho Tricolor: - Glória eterna! Eu fui ao Maracanã na partida final. Foi um grande carnaval. Lembro da torcida batucando e cantando “Baiano burro nasce morto”.

Músico: - Ah, então vamos tocar essa, não é, Zé Ary?

Garçom: - Sim, claro! Vamos chamar aqui ao palco o alagoano Luiz Wanderley para cantar este forró porreta de Gordurinha em homenagem aos baianos!

Luiz Wanderley sobe ao palco, agradece os aplausos gerais e mete bronca no rastapé.


A turma toda, mais uma vez, dançou e se divertiu com Luiz Wanderley. Aplaudido, ele desceu do palco cumprimentou nossos quatro debatedores - ou contadores de causos futebolísticos – e retornou à sua mesa, onde foi recebido efusivamente.

Fim do Capítulo #34

Episódio originalmente publicado em 21 de setembro de 2022 e republicado totalmente modificado em 9 de maio de 2025.

Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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