Foto originalmente publicada no site "Brasil Escola", do UOL |
Para começar e não deixar qualquer sombra de dúvida com relação à minha posição: o Jornalismo é fundamental. Ainda mais nos dias de hoje, neste país. Não fosse o Jornalismo (assim, com letra maiúscula), a boiada inteira já haveria passado com madeira ilegal no lombo, os equinos do poder estariam ainda mais despudorados e a cloroquina com agrotóxicos proibidos em várias partes do mundo estariam nas refeições diárias de quase todo brasileiro.
Paulo Gustavo |
O debate - importantíssimo - sobre este fato, começou num grupo do whatsapp do qual participo ainda no fim da tarde de terça, horas antes do falecimento de Paulo Gustavo, porque já se confirmara a barriga (como no meio jornalístico se chamam, ou se chamavam, as falsas notícias publicadas por erro de apuração. fake news é outra coisa, crime inclusive). Em virtude disso, lá mesmo, um dia depois, contei duas histórias que vivenciei de formas diferentes com o objetivo de ilustrar o debate.
Zuenir Ventura |
No fim, soube-se que o (ou a) repórter que deu a "notícia", confirmou a informação que recebera de alguém com a empregada da casa do Zuenir. Nem sei se existia essa empregada, se ele (ou ela) ligou para o número certo (muitas vezes liga-se para um e cai em outro, até hoje, com toda tecnologia existente), nem sei como foi a abordagem. Só sei que na pressa (não confundir com velocidade), no afã de dar o furo, deu-se uma barrigada estrondosa. Zuenir continua vivão, na ativa e completa 90 anos em 1º de junho.
Renato Russo |
Pois bem, Valéria recebeu um telefonema bem cedo de algum amigo ou amiga em comum dela e da família do Renato Russo com a notícia de que o cantor e compositor da Legião Urbana falecera. Era fonte fidedigna, não tinha erro, mas ela não abriu a agência antes do horário (como ocorria quando acontecia algo extraordinário) enquanto não conseguiu o telefone da casa do Renato Russo ou de algum familiar e confirmou a informação dada por uma pessoa identificada da família. Ainda assim, mesmo eu dizendo que ela não devia temer nada, pois tinha feito tudo corretamente, ainda nervosa, abriu a agência antes do horário regulamentar, como mandava o protocolo, e publicou a notícia.
Mais nervosa ficou e eu também fiquei bem apreensivo quando avistamos Ali Kamel, então ocupante dos cargos mais altos do jornal, vindo como uma seta do outro lado da redação (a equipe da Agência O Globo ficava no fundo da antiga redação em L do jornal, na pequenina Rua Irineu Marinho 35, atrás das editorias Internacional e Segundo Caderno. Para quem conheceu, ficava no lado oposto ao da lanchonete da redação). Naquele momento, alguns outros companheiros já haviam chegado para trabalhar. A cara do Ali era a mais séria possível e ele perguntou: "Quem deu a notícia da morte do Renato Russo?" Valéria se "acusou". Ele fez mais duas ou três perguntas de como tinha sabido e apurado. Ao ouvir as explicações, disse, mais seco que o mais árido dos sertões: "Parabéns!". Deu às costas e voltou para o seu aquário (as salas de vidro onde trabalhavam os peixões, ou seja, os editores).
Ressalto que o (ou a) repórter do Estadão, que nem sei quem foi, pode ter aprendido a lição e ao longo da carreira se recuperado do erro que cometeu. Inexperiência pode ser uma das causas. Porém, tudo isto - e muito mais - só prova que o Jornalismo não é, não pode ser, para qualquer um.
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A midiotização
Já imaginava que vc escreveria sobre isso pq vc nunca decepciona! Adoro ler suas críticas pq são sempre construtivas e nos fazem refletir! Achei um absurdo e total falta de respeito c a família dele veicularem q ele já havia morrido.
ResponderExcluirMuito obrigado! Imagino que seja Renata Claro que escreveu, pelo comentário semelhante no Instagram. Volte sempre, querida. Bjs.
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