Para animar um pouco a entristecida torcida do Atlético-MG, aqui vai uma homenagem ao melhor centroavante que vi jogar. Sim, na minha opinião tecnicamente Reinaldo foi melhor do que Romário e Ronaldo. Infelizmente o Rei teve sua carreira encurtada pelas botinadas de péssimos jogadores, que contaram com a condescendência de árbitros igualmente péssimos.
Ele também não deu sorte de a medicina ser na década de 70 tão avançada como hoje. Qualquer lesãozinha no menisco obrigava o médico a tirá-lo por inteiro, por isso Reinaldo jogou boa parte de sua carreira sem os quatro meniscos e ainda assim não dava sossego mesmo aos melhores zagueiros do mundo.
Já na Copa de 1978 ele jogou machucado. A então CBD levou para a Argentina o Nautilus, uma aparelhagem monstrenga, para que o camisa 9 da seleção pudesse fortalecer os músculos das pernas e agüentar o tranco. O horrível gramado de Mar del Plata o derrubou.
Reinaldo foi um cracaço, um gênio, principalmente dentro da área, mas não deu muita sorte. Em 1981 foi um dos maiores responsáveis pela classificação do Brasil para a Copa de 1982 e faria na Espanha aquela Seleção de Telê tão lembrada ser ainda melhor do que foi. Muito, muito melhor, afinal jogaria no lugar de Serginho Chulapa, o homem que sorria a cada gol feito desperdiçado. Mas as lesões não deixaram.
Serginho também levou a melhor sobre Reinaldo cinco anos antes, na final do Brasileiro de 77, que na verdade foi disputada em 5 de março de 1978(!). Ambos não jogaram a partida decisiva por estarem suspensos, mas o São Paulo, do Chulapa e dos violentíssimos Neca e o falecido Chicão, que literalmente quebraram o talentoso meia Ângelo (também já falecido), acabou campeão nos pênaltis. Nenhum time merecia mais aquele título que o Galo mineiro, que terminou a competição invicto. Mas o futebol, como a própria vida, não costuma levar muito em conta a palavra justiça.
Na sensacional e conturbada decisão do Brasileiro de 1980, ele fez os três gols do Atlético-MG. No primeiro jogo, no Mineirão, local em que a violência novamente tirou um jogador de campo por alguns meses, desta vez o zagueiro Rondinelli, do Flamengo - atingido por um soco desferido até hoje não se sabe se por Palhinha ou Éder - ele fez o único da vitória do Galo, que partiria para o Rio com a vantagem do empate. No Maracanã abarrotado, com mais de 154 mil pagantes quatro dias depois (1º de junho de 1980), ele por duas vezes empatou a partida e deixou apreensiva a torcida rubro-negra. O detalhe é que quando fez o segundo já se encontrava machucado.
Acabou expulso de campo após comemorar o segundo gol. De acordo com o zagueiro Marinho (em entrevista recente ao jornal "O Dia", do Rio), Reinaldo ia levar o vermelho antes de fazer o segundo gol por ter "falado um monte de besteiras" para o árbitro José de Assis Aragão. O ex-atacante nega e não se conforma com sua expulsão até hoje. Nunes desempatou, e sem Reinaldo o Galo não voltou a empatar, embora tenha tido uma chance quase no fim, com Pedrinho. Segundo Manguito, o outro zagueiro do Fla, que falhou no lance: "Se fosse o Reinaldo..."
Embora não tenha conseguido ser campeão brasileiro, Reinaldo foi por muitos anos o maior artilheiro em uma edição da competição, em 77, com 28 gols em 18 partidas. Foi superado por um gol por Edmundo, em 1997, mas o então vascaíno fez muito mais jogos (29) e a média de gols do Rei por partida obtida no Brasileiro de 33 anos atrás é até hoje a maior.
Reinaldo é o maior artilheiro da História do Atlético Mineiro, com 255 gols em 475 partidas. Pela seleção brasileira ele fez 14 em 37 jogos. Esses dados são do Wikipedia. Curta agora belos momentos do Rei em campo nos dois vídeos encontrados no Youtube.
Muito provavelmente o estádio que será reaberto no início de 2013, como está prometido já com grande atraso, após as reformas exigidas pela Mrs. Fifa, será mais vistoso, moderno, limpo, até seguro, mas certamente não será mais o Maracanã. Pelo menos não aquele que passei a freqüentar no início dos anos 70, ainda muito garoto para assistir à chegada de Papai Noel, e depois para ver os mais variados jogos de futebol de 1974 em diante - com muito pouca presença, admito, nos últimos dez, 12 anos. A emoção de entrar pelo túnel na arquibancada e ver o imenso gramado e as torcidas, como me aconteceu tantas e tantas vezes, ficará guardada na minha memória como os antigos retratos que vão amarelando com o tempo.
A arquibancada de cimento, onde já couberam 90 mil pessoas (14 mil a mais que a capacidade inteira do novo estádio) e a geral, onde muitas vezes se apertaram 30 mil ou mais, já não existiam há muito tempo. Várias obras foram feitas, como a que vedou a ventilação do estádio com suntuosos camarotes no alto das arquibancadas, mas o aspecto e principalmente a alma do ex-maior estádio do mundo permanecia, a essência era a mesma. Porém, ele foi sendo morto aos poucos e agora receberá o tiro de misericórdia: depois de mais de dois anos fechado, virá outro em seu lugar. Outro sim, não mais o Maracanã. Por justiça deveriam trocar seu nome.
O Maraca não será implodido fisicamente como sugeriu certa vez João Havelange, e posteriormente seu ex-genro Ricardo Teixeira, mas de certa forma ele será demolido por dentro e desaparecerá levando junto a sua alma. Determina o tombamento de monumentos históricos que sua fachada deve ser mantida. Pois no Mário Filho, o que menos importa é a sua carcaça. A magia estava dentro, com seu gigantismo que fez muitos jogadores, dos mais modestos pernas-de-pau aos mais decantados craques, tremerem ou se consagrarem.
Que o mudassem por fora, criando novas rampas, entradas e saídas mais largas, mas derrubar suas arquibancadas, depois de já terem levado a geral, e ainda reduzir o campão de 110x75 para 105x68, é tirar tudo de mais sagrado e fascinante que existia no Maracanã. Um desconhecido surgirá em seu lugar. E, por mais esforço que façam as torcidas cariocas, reviver a magia anterior será impossível. Talvez outra seja criada, pois aquela que perdurou até Flamengo 0 x 0 Santos, jamais. Jamais!
* Este texto foi publicado originalmente no extinto Futebloguices e foi revisado e levemente ampliado em 28/9/2011.
Neste sábado, dia 18 de setembro, além dos 40 anos de morte de Jimi Hendrix, é também aniversário de fundação do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro. São 106 anos de existência, com a esperança de sempre de seus ainda apaixonados torcedores de que os dias de glória, cada vez mais distantes, possam retornar.
Para saudar a torcida rubra e o clube, torcendo também para que o América deixe de ser Ameriquinha e volte a ser Americaço, exponho a foto dos seus três últimos grandes times: o campeão dos campeões de 1982 (invicto), com o vídeo dos gols de toda a campanha; o campeão da Taça Guanabara de 1974, com imagens da final contra o Fluminense do sensacional Canal 100, e o campeão carioca de 1960.
Este que foi o último título estadual do América na Primeira Divisão merece ainda o vídeo lá embaixo com a narração do gol de Jorge, o decisivo para aquela conquista de 50 anos atrás. Como bem diz o saudoso Waldir Amaral: "Deus salve o América".
Neste sábado, dia 18 de setembro, o mundo lembrará os 40 anos da morte de Jimi Hendrix. Sites, jornais, TVs e rádios preencherão seus espaços com comentários, textos, fotos e vídeos do multi-guitarrista e certamente as músicas mais lembradas e tocadas serão aquelas em que ele atacava sua guitarra com toda energia e talento. Será também, sem dúvida, repetida à exaustão a imagem do astro queimando sua Fender Stratocaster no palco.
Porém, para não ficar no óbvio, presto minha singela homenagem com um vídeo lá embaixo com o revolucionário guitarrista canhoto exibindo sua face mais suave, porém não menos genial. Como disse certa vez Pete Townshend, guitarrista da banda inglesa The Who, Hendrix tocava extremamente alto, mas o que e como tocava tinha uma carga enorme de sensualidade e erotismo.
Soube deste jogo há cerca de um ano, não o assisti na época, pois só me recordo de ter começado a acompanhar o futebol com mais atenção a partir de 1973. Mas não há dúvidas, pelos relatos da época, e da seqüência de gols e reviravoltas que esta partida teve, foi sem dúvida um dos mais emocionantes de que se tem notícia.
O Palmeiras com a sua Academia em fase de transição, e o Corinthians com o Garoto do Parque, Rivellino, em grande fase, protagonizaram uma memorável partida pelo Campeonato Paulista de 1971 (no fim do vídeo diz que é Brasileiro, mas está errado). No fim, o Timão saiu vencedor, por 4 a 3, mas pode-se dizer que quem venceu mesmo foi o futebol. É só ver as feras nas escalações dos dois times e as imagens dos gols, alguns fantásticos. Divirta-se!
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 4 x 3 PALMEIRAS
Local: Estádio do Morumbi - São Paulo (SP)
Data: 25/04/1971
Árbitro: Armando Marques
Público: 60.445
Renda: Cr$ 405.279,00
CORINTHIANS: Ado, Zé Maria, Luís Carlos, Sadi e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia (Natal), Samarone (Adãozinho), Mirandinha e Perí. Téc.: Franscisco Sarno
PALMEIRAS: Leão, Eurico, Baldochi, Luís Pereira e Dé. Dudu e Ademir da Guia; Fedato, Héctor Silva (Leivinha), César e Pio. Téc.: Rubens Minelli
Gols: César (35 segundos - 1º), César (9 - 1º), Mirandinha (5 - 2º), Adãozinho (24 - 2º), Leivinha (25 - 2º), Tião (26 - 2º) e Mirandinha (42 - 2º). Veja também: O Primeiro Hexa Brasileiro foi o Palmeiras Os Maiores Jogos de Todos os Tempos 4
Depois que Zico parou de jogar pelo Flamengo (sua despedida foi no dia 6 de fevereiro de 1990, data que marco bem porque foi a primeira vez em que trabalhei como repórter no Maracanã), o clube passou a buscar a todo custo um novo Galinho nas suas divisões de base. Alguns até foram bem, como Sávio, mas ninguém chegou a brilhar tanto como o sérvio Petkovic, que chegou à Gávea em 2000, depois de ter despontado para o torcedor brasileiro no Vitória. Com o fantástico gol de falta que garantiu o tricampeonato carioca para o Flamengo em 2001, ele já havia escrito o seu nome na galeria dos maiores jogadores que vestiram a camisa rubro-negra. Porém, depois de passar por Fluminense e Vasco, com algum brilho, e discretamente por Goiás, Atlético-MG e Santos (e pelo mundo árabe e até a China), ele voltou ao Flamengo no ano passado nitidamente para encerrar sua carreira. Alguns dirigentes ingratos não o queriam lá e, para a sorte da torcida do Flamengo, ele não só ficou, como foi para mim o maior responsável pela conquista do título brasileiro de 2009. Sem ele, o Flamengo não teria voltado a ser campeão brasileiro após 17 anos de espera. Hoje, 10 de setembro de 2010, Pet faz 38 anos de idade, não tem mais a força física para comandar o fraco Flamengo deste ano, mas merece todas as homenagens da torcida rubro-negra e de todo aquele que admira o futebol bem jogado. Parabéns, grande artista da bola!
Este Flamengo 2 x 1 América-RJ, com gols de Alex, Júnior e Zico, no dia 8 de dezembro de 1974, foi o primeiro jogo a que assisti no Maracanã (veja o vídeo acima). Com a vitória, o time rubro-negro conquistou o terceiro turno do Campeonato Carioca (o último antes da fusão dos estados da Guanabara com o do antigo Rio de Janeiro) e ganhou o direito de disputar o triangular final contra o próprio América, ganhador da Taça Guanabara (primeiro turno), e o Vasco, vencedor do segundo turno.
Uma semana depois eu estaria lá no Maraca de novo, levado pelo meu saudoso pai, para assistir à abertura do triangular, com outro Flamengo e América e novo 2 a 1 para o Rubro-Negro, gols de Júnior (num chute espetacular sobre o goleiro Rogério) e Jaime - o do América foi de Manoel (veja o vídeo abaixo). Vasco e América empataram a segunda partida em 2 a 2, e o Fla foi campeão carioca com o empate sem gols com o Vasco na última partida.
Mas eu só voltaria ao Maraca para ver outro time vermelho, o Internacional, no início de 1975 (2 de fevereiro, descobri pesquisando), num amistoso em que Zico deu show, fez dois golaços, e o Fla venceu por 4 a 2. Lembro bem que o goleiro colorado era Manga e o time gaúcho já tinha a base que se tornaria campeã brasileira daquele ano pela primeira vez em sua história.
A força daquela equipe foi provada três dias depois no jogo em Porto Alegre, onde goleou o mesmo Fla por 4 a 0. Outra coisa que me recordo é que Doval não jogou, estava machucado e foi substituído por Ivanir, que fez os outros dois gols rubro-negros naquela partida. Alguém se lembra de Ivanir?