Carlos Alberto: o apelido de Pó de Arroz para o Fluminense surgiu por causa deste jogador |
Fernando Brant é muito aplaudido após a execução da música em homenagem ao América mineiro, inclusive pelos nossos quatro principais personagens.
João Sem Medo: -
Obrigado, Brant, muito prazer. Gostei da tua música.
Idiota da Objetividade: - Gostei
também, mas esta música não é a oficial. A marcha que se tornou oficialmente o
hino do América mineiro foi composta por Vicente Motta, também autor do hino do
Clube Atlético Mineiro.
Ceguinho Torcedor: - Ah,
Idiota, deixa de tanta objetividade!
João Sem Medo: - No
hino oficial do América, a letra destaca a classe aristocrata do clube.
Garçom: - Desculpe por me intrometer, senhores. Mas não teve
uma história de um jogador no Fluminense que usava pó de arroz?
Ceguinho Torcedor: - Há controvérsias...
Idiota da Objetividade: - Que nada, tá na História.
João Sem Medo: - Carlos Alberto era um mulato que foi do
segundo time do América do Rio pro primeiro time do Fluminense, ainda na década
de 10, e passava pó de arroz no rosto por causa do racismo. Nos jogos entre os
dois times, os torcedores do América chamavam o Tricolor das Laranjeiras de “pó
de arroz”. Mas esta história é polêmica, há muitas versões.
Idiota da Objetividade: - A versão oficial do Fluminense é
que Carlos Alberto desde os tempos em que jogava no América já passava pó de
arroz após fazer a barba. E num jogo, em 1914, entre os dois times, pouco
depois de 13 jogadores do América se transferirem para o Tricolor...
Ceguinho Torcedor: - Entre eles o monumental goleiro Marcos Carneiro de
Mendonça!
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João Sem Medo: - Isso mesmo, ele e
um irmão dele.
Idiota da Objetividade: - Naquele jogo de 1914, a torcida americana vendo o
suor fazer o pó de arroz sair do rosto de Carlos Alberto, ex-jogador do seu
clube, começou a gritar como ofensa “pó de arroz, pó de arroz”. Mas, segundo o
Fluminense, a torcida tricolor abraçou o jogador e adotou o pó de arroz.
Garçom: - Ah, senhor Idiota, o senhor me
desculpe, mas eu não caio nessa, não.
Idiota da Objetividade: - Eu só relato o que está na versão
oficial do clube. Você pode ir ao site do Fluminense e procurar.
João Sem Medo: - Versão oficial quase nunca é
verdadeira, a História deste país só confirma o que digo.
Ceguinho Torcedor: - Carlos Alberto era um bom rapaz,
muito fino, elegante. Ele entrava em campo e a torcida da geral gritava “Pó de
arroz”. Um dia ele não jogou e os gritos continuaram.
João Sem Medo: - O Fluminense era mesmo “Pó de
arroz”, querendo ser mais chique, mais elegante, mais aristocrático que os
outros.
Garçom: - Amigos, aproveitando a deixa tricolor, vamos receber aqui no palco do
Além da Imaginação, Américo Jacomino, mais conhecido como Canhoto, para tocar o
seu tango “Fluminense”.
Todos aplaudem.
Canhoto: - Muito obrigado. Este tango em homenagem ao Fluminense foi gravado originalmente em 1927, pela Odeon.
Ao fim da execução do tango “Fluminense”, por Canhoto, toda a
plateia aplaude o artista, que deixa o palco agradecendo. Há uma pequena
dispersão, alguns vão ao banheiro. Ceguinho Tricolor pede ajuda para fazer o
mesmo e é levado pelo Sobrenatural de Almeida numa rapidez de coelhinho de
desenho animado. Assombroso!
Com todos de volta aos seus lugares, o papo é retomado, com
Ceguinho dando o primeiro passe.
Ceguinho Torcedor: - O mulato Friedenreich, que tinha
olhos verdes, também queria parecer branco e passava horas tentando achatar o
cabelo duro e rebelde no vestiário. Usava uma toalha, pois o pente não bastava.
Era craque, artilheiro, mas entrava quase sempre por último em campo. E era
sempre ovacionado.
Sobrenatural de
Almeida: - Ele
acabava chamando mais atenção, ainda mais com aquele cabelo cheio de
brilhantina. Um assombro!
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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