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quarta-feira, 29 de junho de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #22

Uma coisa jogada com música - Capítulo #21

Didi e Garrincha em treino do Botafogo. Foto: Ag. O Globo
Após uma leve dispersada da turma após o “Futebol no inferno”, João Sem Medo retoma a pelota e provoca Sobrenatural de Almeida.

João Sem Medo: - Ô, Almeida, você conta é muita história, viu. Quer saber, se macumba ganhasse jogo, Campeonato Baiano terminava empatado.

Sobrenatural de Almeida: - Tá tirando sarro comigo, João? Não tenho nada com macumba, nem religião nenhuma, não. Meu papo é futebol, mas também não visto a camisa de nenhum time, sou democrático. Tem gente que acha que causo tragédias, mas não tem nada disso. Influencio apenas nos resultados de campo. De vez em quando, de vez em quando... desvio uma bola, sopro algo no ouvido do árbitro, desloco traves, coisas deste tipo. Se chamam de tragédia, é culpa da imprensa.

Idiota da Objetividade: - Sempre a imprensa é a culpada.

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João Sem Medo: - Às vezes é mesmo, inventa muita coisa pra vender jornal.

Garçom: - Enquanto há jornal. Hoje, “seu” João, a imprensa luta por audiência e cliques, na internet.

João Sem Medo: - No meu tempo, já existia isso, não isso de cliques, mas a busca dos jornais por leitores e de audiência das rádios e TVs. E nisso se inventava muita coisa.

Ceguinho Torcedor: - Sou da imprensa anterior ao copy desk. Quando Pompeu deSousa trouxe pro Brasil o que se fazia nos Estados Unidos, o copy desk, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: a objetividade. Daí para o Idiota da Objetividade seria um passo.

Idiota da Objetividade: - Sou cria do Pompeu com muito orgulho, Ceguinho. A objetividade é fundamental no jornalismo.

Garçom: - Não vamos discutir, amigos... Olha, aproveitando a deixa, vamos homenagear o criador destes nossos amigos aqui.

Ceguinho Torcedor: - Gostei! “Sou do tempo em que até os canalhas choravam”.

Sobrenatural de Almeida dá mais uma gargalhada satânica.

Garçom: - Esta música do Zeca Baleiro se chama “Meu nome é Nelson Rodrigues”.

Após a homenagem a Nelson Rodrigues, João Sem Medo retoma a pelota.

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João Sem Medo: - Meus amigos, vou contar uma história que ilustra bem esse debate do Ceguinho com o Idiota. É sobre o jornalismo no rádio... Foi em 1958, quando o Botafogo voltou de uma excursão ao México e à América Central. Guiomar, mulher do Didi, estava fula da vida com ele, por causa da visita que os jogadores do Botafogo fizeram a uma vedete famosa no México. A foto foi publicada nos jornais daqui e ela não queria saber se Didi tinha culpa no cartório ou não e partiu pro Aeroporto do Galeão pra matar o marido de pancada. O crioulo voltou branco na viagem. Peguei o Didi e fomos pro clube, onde já estavam Amauri e Quarentinha, que tinham ido buscar a bagagem deles. Logo veio o rádio-repórter Vitorino Vieira com um gravador. Ele disse que não teve tempo de ir ao aeroporto, então pediu pra fazer as entrevistas ali mesmo. Até aí tudo bem, mas ele viu um empregado do Botafogo e pediu um ventilador. O empregado trouxe, ele começou a falar: “Caríssimos ouvintes, bom dia! Aqui fala Vitorino Vieira, desde o Aeroporto do Galeão, para cobrir a chegada do Botafogo de Futebol e Regatas. Madrugamos aqui para satisfazer nossos ouvintes”.

O povo do bar não se aguenta de rir. João Sem Medo prossegue.

João Sem Medo: - Ele ligou o ventilador bem perto do microfone e continuou: “Estão ouvindo o ronco dos motores do avião? Já estão descendo os jogadores. Saltaram Didi, Quarentinha, Amauri e o treinador João Saldanha, que vêm ao nosso microfone”. Fizemos a entrevista “desde o Aeroporto do Galeão”, mas Vitorino queria mais: “Didi agora está abraçando e beijando dona Guiomar, sua esposa”. E estalou um beijo junto do microfone.

Todos caem na gargalhada.

João Sem Medo: - Depois o repórter ainda se gabou que era bárbaro em sonoplastia e lascou outro favor, pedindo pra bancarmos os jogadores do Vasco, que estavam chegando ao Santos Dumont, de Belo Horizonte, onde tinham enfrentado o Atlético. E ligou de novo o microfone: “Senhores e senhoras, a vida do repórter de rádio é dura, viu. De madrugada estávamos falando do Aeroporto do Galeão com a chegada do Botafogo. Agora, estamos falando desde o Aeroporto Santos Dumont, com a chegada do Vasco da Gama”. E aí entrevistou o Amauri como sendo Almir, que tinha feito o gol do Vasco no empate em Belo Horizonte, eu fingi que era o Pinga; o Quarentinha bancou o Sabará, e o Didi, que já estava assustado, sumiu.

Garçom (rindo mais que todo mundo): - Sensacional!

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Ceguinho Torcedor: - Quem diria, Didi, o Príncipe Etíope de Rancho, numa situação dessa.

João Sem Medo: - Jogava uma barbaridade. Meu amigo Neném Prancha tem uma boa definição sobre como Didi jogava. Como é, mesmo, Neném?

Numa mesa próxima, Neném Prancha levanta a voz.

Neném Prancha: - Didi jogava bola como quem chupa laranja, com muito carinho.

Didi: – Obrigado, minha gente. Mas essa história que o João contou já resolvi há muito tempo com a Guiomar. Não é, meu bem?

Didi dá um beijo em Guiomar e todos sorriem e aplaudem o casal.

Músico: - Com todo o respeito ao ilustre casal, até porque ficou tudo bem, mas a dona Guiomar ficou achando que o seu Didi tinha abusado da regra 3?

Risada geral e a banda toca um trecho de “Regra Três”, de Toquinho e Vinícius de Moraes.

Fim do Capítulo #22

Modificado e republicado em 15 de janeiro de 2025

Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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domingo, 26 de junho de 2022

OLHARES ALHURES - FOTOS #100: UM CANTINHO DE MINAS EM FLORIPA






Fotos de Eduardo Lamas Neiva, feitas no dia 23 de junho de 2022, no restaurante Uai di Minas, na Praça XV, Centro de Florianópolis (SC).

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quarta-feira, 22 de junho de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #21

Uma coisa jogada com música - Capítulo #21

Mário Sérgio (Inter) disputa a bola com Katinha (Vasco) na final do Brasileiro de 79. Foto: Ag. RBS

O papo sobre acidentes fatais voltou à mesa após a menção a Paulo Silvino. E Sobrenatural de Almeida pegou a deixa de Zé Ary.

Garçom: - Falávamos de jogadores que no auge de suas carreiras acabaram sofrendo acidentes fatais. Vocês se recordam de mais alguns?

Sobrenatural de Almeida: - Lembro do uruguaio DanielGonzález, que também tinha jogado na Portuguesa e no Corinthians e estava no Vasco quando morreu num acidente no Rio. Teve o zagueiro Figueiredo, do Flamengo, também.

Idiota da Objetividade: - Figueiredo morreu aos 24 anos, em 1984, num acidente com um helicóptero em que também estava Nilton, irmão e procurador do Bebeto, na época atacante do Flamengo e que dez anos mais tarde fez parte da seleção que se sagrou tetracampeão mundial nos Estados Unidos.

Garçom: - Houve muitas mortes trágicas. Uma que me deixou muito chocado foi a do zagueiro Serginho, do São Caetano, lá no Morumbi.

Idiota da Objetividade: - Foi uma noite muito triste para o futebol brasileiro a de 27 de outubro de 2004. Jogavam no Morumbi São Paulo e São Caetano, pelo Campeonato Brasileiro, quando, aos 14 minutos do segundo tempo, o zagueiro Serginho, de 30 anos, caiu na área de seu time. Logo, os jogadores das duas equipes que estavam mais próximos perceberam a gravidade e ficaram desesperados. Serginho foi levado para o hospital São Luiz, na capital paulista, mas não resistiu ao ataque cardíaco e faleceu.

Encorajado por quem estava em sua mesa, Serginho levanta-se e toma a palavra.

Serginho: - Mas agora estou aqui podendo participar deste evento maravilhoso.

Todos aplaudem e o ex-zagueiro agradece.

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Músico: - Então, em homenagem ao Serginho, o Daniel González e o Figueiredo, que também estão aqui...

Garçom: - Podem aplaudi-los também (ambos também se levantam e agradecem os aplausos).

Músico: - Bom, com a licença do Jorge Ben, ou melhor, Jorge Benjor, que continua batendo um bolão no Mundo Material, vamos tocar aqui uma música dele, em homenagem a esses e todos os grandes zagueiros da História. Vamos lá, gente! “Zagueiro” vai limpar a área! E todo mundo pode dançar.

Todos se divertem a valer e aplaudem os músicos ao fim da música. Mas o tema das tragédias no futebol brasileiro retorna.

Garçom: - Creio que o acidente com o time do Chapecoense quase inteiro na viagem pra Colômbia, em 2016, foi a pior de todas, né?

João Sem Medo: - Vários jornalistas que iriam acompanhar a final da Copa Sul-Americana também estavam no avião que caiu a 30 quilômetros do aeroporto de Medellin, onde seria a partida.

Idiota da Objetividade: - Foram ao todo 75 mortos. Apenas seis sobreviveram, entre eles o goleiro Jackson Follman, o lateral Alan Ruschel e o zagueiro Neto.

João Sem Medo: - Sobreviveram também o locutor Rafael Henzel, que faleceu depois e já nos cumprimentou quando chegou aqui, e dois tripulantes. Entre os comentaristas mortos estava Mário Sérgio, ex-ponta-esquerda e meia de grande habilidade. Mário Sérgio foi um jogador de alto gabarito. Tinha o apelido de Vesgo, porque muitas vezes olhava prum lado e tocava pro outro pra enganar os marcadores. Os mais novos já viram RonaldinhoGaúcho fazer isso algumas vezes e vão entender o que o Mário fazia.

Ceguinho Torcedor: - Foi treinador também.

Sobrenatural de Almeida: - Mas não teve o mesmo sucesso de quando jogador.

Idiota da Objetividade: - Mário Sergio começou no Flamengo, em 1970. Depois jogou em vários clubes: Vitória, Fluminense, Botafogo, RosárioCentral da Argentina, Internacional, São Paulo, Ponte Preta, Grêmio, Palmeiras, Botafogo de Ribeirão Preto, Bellinzona da Suíça e Bahia. Entre os principais títulos conquistou o bicampeonato carioca de 75 e 76 pelo Fluminense, o campeonato brasileiro de 79 pelo Inter e o Mundial Interclubes de 83 pelo Grêmio. Como técnico comandou 11 times e foi dirigente no Grêmio, em 2005.

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Garçom: - Mário Sergio também disse que viria, mas ainda não apareceu.

João Sem Medo: - Ele foi convocado pelo Telê em 81 e 82, mas acabou não indo à Copa da Espanha. Telê resolveu levar o Dirceu.

Garçom: - Dirceu teve um compromisso...

Sobrenatural de Almeida: - Esse papo tá mórbido demais.

Ceguinho Torcedor: - Todo mundo aqui partiu daquela pra melhor, Almeida. E pensei que gostasse dessas coisas.

Sobrenatural de Almeida: - Minha influência se resume ao jogo. Nunca matei ninguém.

João Sem Medo: - Sem essa, Almeida. Muita gente morreu do coração com gols no último minuto, chances perdidas em cima da hora, frangos incríveis...

Sobrenatural de Almeida: - ... não diretamente, não diretamente.

Ceguinho Torcedor: - Ouço daqui a tua risada satânica.

Sobrenatural de Almeida: - Que isso, Ceguinho? hahaha

Músico: - A risada satânica do Sobrenatural de Almeida me lembrou de “Futebol no inferno”, que Castanha e Caju gravaram. O que acha, Zé Ary?

Garçom: - A música é de José Soares. Vou pôr no telão pra vocês verem e ouvirem a dupla.


João Sem Medo: - Muito boa esta!

Sobrenatural de Almeida (de pé, dançando e cantando): - Deus me livre d’eu ir lá! Deus me livre d’eu ir lá! Hahaha

Ceguinho Torcedor: - Essa risada satânica é inconfundível. Até no inferno se ouve e se reconhece.

Idiota da Objetividade: - Parece até que veio de lá!

Risadas.

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Fim do Capítulo #21

Modificado e republicado em 14 de janeiro de 2025

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Uma coisa jogada com música - Capítulo #20
Uma coisa jogada com música - Capítulo #22

domingo, 19 de junho de 2022

OLHARES ALHURES - FOTOS #99: E LÁ SE VAI O SOL







Fotos de Eduardo Lamas, feitas nos dias 12, 13, 15 e 16 de junho de 2022, em Itaguaçu, Florianópolis (SC).

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quarta-feira, 15 de junho de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #20

O habilidoso Geraldo em ação num jogo no Maracanã. Jovem meia do Fla faleceu em 1976

O público e nossos quatro amigos ficam muito bem impressionados com a capacidade de Edu Kneip descrever em música o desenrolar de um jogo. Após comentários elogiosos, Zé Ary aborda João Sem Medo.

Garçom: - Seu João, voltando ao assunto anterior, outros jogadores que tinham tudo para serem grandes craques morreram jovens também.

João Sem Medo: - Sim, Zé Ary, é verdade. Além do Dener, que foi revelado pela Portuguesa, passou pelo Grêmio e estava no Vasco, teve o Roberto Batata, do Cruzeiro; o Geraldo, do Flamengo...

Idiota da Objetividade: - Roberto Batata e Dener morreram em acidentes de automóvel. Geraldo teve um choque anafilático durante cirurgia para retirada das amígdalas. Roberto Batata e Geraldo faleceram em 1976. Dener, em 1993.

Garçom: - O ponta-direita Roberto Batata foi tão marcante no Cruzeiro que mereceu uma homenagem musical de Gaúcho Alegre. Vamos ver e ouvir no telão?

Todos concordam e Zé Ary põe o vídeo no telão.

Roberto Batata é muito aplaudido e, da sua mesa, agradece ao público.

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João Sem Medo: - Roberto Batata foi um atacante muito bom do grande time que o Cruzeiro montou nos anos 70. Um abraço pra você (João acena para Roberto Batata, que retribui o cumprimento).

Garçom: - Quem também está presente é o Geraldo Assobiador.

João Sem Medo: - Geraldo Assobiador era cobra de bola. Não era completo, mas tinha tudo pra ser craque. Morava perto de mim, gostava de ir ao borracheiro para aprender a mudar pneu e lidar com ferramentas do mecânico. Todos os dias brincava assim e jogava um futebol muito bonito e gostoso de ser visto.

Emocionado, Geraldo se levanta e vai dar um abraço em João Sem Medo.

Garçom: - Que encontro, meus amigos! Que encontro!

Aplausos gerais para Geraldo e João Sem Medo.

Garçom: - Em homenagem ao grande Geraldo, vou pôr no som uma música de Mário Adnet e Bernardo Vilhena, chamada “Geraldofla”, numa gravação do Adnet com as participações de Lobão, na voz, e de Paulo Moura, nos sopros. Vale muito ouvir, minha gente.

Geraldo, ainda emocionado, agradece os aplausos do público.

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Garçom: - Dois, pouco lembrados, mas que estavam despontando bem eram o Mahicon Librelato, do Inter, e o Sérgio Gil, do Corinthians.

Idiota da Objetividade: - Mahicon Librelato começou no futsal, na cidade catarinense de Orleans, onde nasceu. No campo, o início da carreira do promissor atacante foi no Criciúma. Ele tinha só 21 anos, quando morreu na Avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis, num acidente de carro também. Seu último gol, duas semanas antes, ajudou o Inter a escapar do rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2002, nos 2 a 0 sobre o Paysandu, em Belém.

Sobrenatural de Almeida: - Os colorados devem essa a ele e um pouco a mim também. O Inter escapou por muito pouco daquela vez.

Idiota da Objetividade: - Verdade, Almeida. Já o Sérgio Gil, que hoje dá nome a uma rua no bairro do Balneário, em Florianópolis, era irmão do ex-volante Almir, que foi o capitão do Coritiba na conquista do campeonato brasileiro de 85 e bicampeão paulista pelo São Paulo, em 80 e 81, e do Tonho, meia campeão mundial pelo Grêmio, em 83. Ele começou no Figueirense, foi convocado várias vezes pra seleção brasileira de juniores e estava emprestado ao Corinthians. Sérgio Gil estava sendo negociado com o Inter quando faleceu num acidente automobilístico na Rodovia Régis Bittencourt, ainda no estado de São Paulo, em 9 de julho de 1989.  

João Sem Medo: - Outro que perdemos num acidente de carro também foi o Everaldo, lateral-esquerdo tricampeão no México. Já não era tão jovem quanto os outros, tinha uns 30 anos, acho...

Idiota da Objetividade: - ... Sim, tinha 30 anos de idade. Morreu em 1974.

João Sem Medo: - Ele ainda estava jogando e foi uma perda muito sentida também. Eu o convoquei pra seleção desde o princípio, como reserva do Rildo. Era muito bom jogador.

Ceguinho Torcedor: - Foi uma das Feras do João!

Garçom: - Ô, seu Ceguinho, foi bom o senhor falar nisso. O Paulo Silvino tinha prometido vir aqui cantar a marchinha “As feras do Saldanha”, de Jayme Bochner, mas ainda não apareceu.

Músico: - Uma hora ele aparece aí!

Garçom: - Tomara!

Fim do Capítulo #20

Modificado e republicado em 16 de dezembro de 2024

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domingo, 12 de junho de 2022

OLHARES ALHURES - FOTOS #98: PARQUE DE LAVANDA
















Fotos de Eduardo Lamas Neiva, feitas no dia 22 de abril de 2022, no Le Jardin Parque de Lavanda, em Gramado (RS).

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quarta-feira, 8 de junho de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #19

Urubu levado por flamenguistas causou furor no Maracanã, em 1969. Foto: Ag. O Globo

Zé Ary desta feita é quem distribui o jogo, lançando um tema à mesa de nossos 4 amigos.

Garçom: - Igual ao Dener, muitos craques brasileiros partiram da Terra muito cedo, né?

Sobrenatural de Almeida: - Com morte eu nunca me meti, nem olhem pra mim. Minha influência sempre foi só dentro do campo. E nunca pra machucar ninguém.

João Sem Medo: - Você disse que de mata-mata entende, Almeida.

Todos riem.

Sobrenatural de Almeida: - Sim, matar time, goleiro, atacante, torcedor no sentido figurado, está aqui o Ceguinho pra não me deixar mentir. Em cada lance que interfiro é um Deus nos Acuda!(dá sua risada medonha)

João Sem Medo: - Então tá bom. Mas agora o papo é sério e não tem sentido figurado. Alguns foram embora no auge de suas carreiras. Como o Eduardo, ponta-esquerda muito habilidoso que jogou no América do Rio e foi depois pro Corinthians e acabou morrendo num acidente de carro, lá na Marginal do Tietê.

Idiota da Objetividade: - No acidente automobilístico, ocorrido no dia 29 de abril de 1969, também faleceu Lidu, lateral-direito. O Corinthians fazia bela campanha no Campeonato Paulista de 1969, quando os dois faleceram.

Garçom: - Parece que teve um problema com o Palmeiras depois...

João Sem Medo: - Foi feia a coisa, muito feia.

Idiota da Objetividade: - Com a perda dos dois jogadores, o Corinthians pleiteou junto à Federação Paulista a contratação de substitutos, o que só seria permitido pelo regulamento com a unanimidade dos outros clubes, pois as inscrições para a competição já haviam se encerrado. Quase todos concordaram, apenas o presidente do Palmeiras na época, Delfino Facchina, votou contra. Revoltado, o presidente do Corinthians, Wadih Helu, chamou o palmeirense de porco.

João Sem Medo: - Merecidamente. Foi até pouco.

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Ceguinho Torcedor: - Na primeira partida entre os dois times depois deste episódio, soltaram um porco no gramado do Morumbi e a torcida do Corinthians começou a gritar “Porco, Porco”.

Garçom: - Que atitude feia do presidente do Palmeiras.

Ceguinho Torcedor: - Muito. Mas muitos anos depois a torcida do Palmeiras resolveu adotar o apelido e a história ficou meio apagada.

Músico: - Já que o assunto é a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras, vamos chamar de volta ao palco o Teixeirinha?

É aplaudido novamente.

Teixeirinha: - Em matéria de rivalidade, eu e minha amiga Mary Terezinha, que está lá no Mundo Material, entendemos muito bem. Vamos então de “Bom de Bola”, de minha autoria, música que gravei no LP “Carícias de amor”, lançado em 1970, o ano do tri. Não reparem nas “ofensas”, por favor. Hahaha

Todos riem.

Muitas risadas durante a música e aplausos gerais ao fim.

Teixeirinha: - Muito obrigado. E a palavra volta ao comando de quem?

Todos, em uníssono, imitando a antiga vinheta da Rádio Globo do Rio de Janeiro: “João Saldaaaaanha!” João Sem Medo ri, faz seu sinal característico para Teixeirinha e inicia sua fala como começava seus comentários nos áureos tempos de rádio.

João Sem Medo: - Meus amigos, o Flamengo era chamado de urubu por torcedores adversários. Era um apelido racista, fazia referência ao grande número de negros na torcida rubro-negra. Mas quando os flamenguistas assumiram o urubu como mascote, os rivais se esqueceram do apelido pejorativo e racista. Foi mais ou menos o que a torcida do Palmeiras fez em São Paulo, embora o motivo do apelido fosse bem diferente.

Sobrenatural de Almeida: - O apelido acabou num jogo contra o teu Botafogo, João.

Ceguinho Torcedor: - É verdade!

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Idiota da Objetividade: - No dia 1º de junho de 1969, Flamengo e Botafogo se enfrentaram no Maracanã pelo Campeonato Carioca daquele ano. O time rubro-negro não vencia o alvinegro há nove jogos e seus torcedores continuavam ouvindo dos torcedores rivais que eram “urubus”, pelos motivos que o João já mencionou. Mas naquele domingo, alguns torcedores do Flamengo pegaram um urubu num lixão e levaram para o Maracanã. Antes de os times entrarem em campo, a ave foi solta com a bandeira do clube presa a uma das patas e os rubro-negros no estádio foram à loucura gritando “é urubu, é urubu”. O Flamengo acabou com o jejum vencendo por 2 a 1 e, com a charge do rubro-negro Henfil no Jornal dos Sports, o urubu passou a ser adotado como um dos símbolos do time.

Garçom: - Sobre outro Flamengo x Botafogo, de muitos anos depois, a final do Campeonato Brasileiro de 1992, Edu Kneip descreveu musicalmente em “Baile do Urubu”. Vou pôr aqui em especial pros flamenguistas aqui presentes, mas quem não é pode curtir também.

Fim do Capítulo #19

Modificado e republicado em 16 de dezembro de 2024

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