NAU POESIA: A DANÇA DA CHUVA *

A chuva dança lentamente e encharca o quintal, a terra, as telhas, as árvores As folhas arqueiam sob o peso de gotas que se aglomeram – para cair – em outras folhas, as mãos em concha abarcando com sorrisos aquela água abençoada dos céus que sempre lhes escapa Os galhos são prolongamentos do dorso nu e suado deste frondoso vegetal, são braços estendidos pousados no ar tentando tocar em algo inatingível, incompreensível como se encontrassem extenuados de um esforço aparentemente inútil. Percorrem-lhes pingos de suor de chuva que despencam pouco a pouco tal qual loucos suicidas lançando-se na incerteza da queda, perdidos num vão aberto no espaço que tanto pode ser uma pequena fenda quanto um imenso rasgo no infinito Porém, na certeza de que jamais retornarão à plataforma de onde saltaram pois serão sugados pela terra enquanto outros tomarão seus lugares... Veja também: Nada Mais Oferenda (ou Canção de um Ser Dilacerado) Esta poesia, publicada originalmen...